André Borges e Leonencio Nossa ,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
Vítima de ataque recebe atendimento na cidade de
Vitória do Mearim
BRASÍLIA - Um grupo de indígenas gamelas que vivem no
Povoado das Bahias, no município de Vianas, no interior do Maranhão, foi
atacado na tarde deste domingo, 30, por pistoleiros. Segundo informações do
Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cinco índios foram baleados e dois
tiveram as mãos decepadas. "Chega a 13 o número de feridos a golpes de
facão e pauladas", declarou o Cimi. Não há, até o momento, a confirmação
de mortes.
Cinco indígenas foram transferidos durante a noite
deste domingo e madrugada desta segunda-feira, 1º, para o Hospital Socorrão 2,
Cidade Operária, na capital São Luís.
De acordo com informações da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), Aldeli Ribeiro Gamela foi atingido por um tiro na costela e um na
coluna, e teve mãos decepadas e joelhos cortados. Seu irmão, José Ribeiro
Gamela, levou um tiro no peito. O terceiro atingido foi o indígena e agente da
CPT no Maranhão Inaldo Gamela, com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.
"Essa violenta ação aconteceu quando os indígenas
decidiram sair de uma área tradicional retomada, prevendo a violência iminente.
Dezenas de pistoleiros armados com facões, armas de fogo, e pedaços de madeira
atacaram os gamela no momento em que deixavam o território", informou a
CPT do Maranhão. "Para se protegerem, muitas pessoas correram e se
esconderam na mata."
De acordo com a CPT, a ação contra os indígenas foi
planejada e articulada por fazendeiros e pistoleiros da região, que, por meio
de um texto compartilhado pelo aplicativo WhatsApp, convocavam pessoas para o
ataque contra os indígenas.
"O governo do Maranhão já havia sido avisado da
situação conflituosa na região e do risco de acontecer um massacre, mas, ao que
consta até o momento, nem a polícia havia sido deslocada até a área para tomar
as medidas cabíveis."
Autoria. As lideranças indígenas cobram uma investigação para
descobrir a autoria do atentado. Elas também exigem do governo do Estado e da
Fundação Nacional do Índio (Funai) proteção para as famílias gamelas que moram
em aldeias no município.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou
que uma equipe da Polícia Federal foi enviada ao município de Viana, no
Maranhão, "para evitar mais conflitos" entre capangas e indígenas.
Segundo a nota divulgada pela Pasta, o ministro Osmar
Serraglio "ofereceu apoio à Secretaria de Segurança Pública que, por sua
vez, já instaurou inquérito para investigar o caso". O MJ declarou que
"está averiguando o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos
indígenas no povoado de Bahias, no Maranhão".
Já o governo do Maranhão disse em comunicado que
as Polícias Civil e Militar atuaram conjuntamente para inibir os
"conflitos". "Ao chegar ao local, os policiais agiram para
dissipar o confronto entre os fazendeiros e os índios gamela, que resultou na
lesão de cinco pessoas (três fazendeiros e dois indígenas), todas
socorridas pelos militares e encaminhadas para unidades de saúde de Viana e
Matinha", ressaltou.
A nota não informou o nome dos supostos fazendeiros
feridos. A Funai não se pronunciou sobre o atentado contra os gamelas.
Gamelas. Cerca de 700 famílias gamelas vivem numa área de
apenas 530 hectares próxima ao Povoado de Bahias. Há três anos, lideranças da
etnia iniciaram um processo para retomar áreas ocupadas ilegalmente por
fazendeiros nos anos 1980.
A Polícia Civil de Viana registra pelo menos dois
outros ataques aos gamelas. Em 2015, pistoleiros atiraram em um acampamento
montado pelos índios. No ano passado, em outro ataque, três homens com coletes
à prova de balas invadiram o território dos gamelas e atiraram para intimidar.
Atualmente, segundo a Pastoral da Terra, há cerca de
360 conflitos no campo no Estado. Destes, somente em 2016 foram registradas 196
ocorrências de violência contra os povos do campo. No ano passado, 13 pessoas
foram assassinadas e 72 estão ameaçadas de morte.
CRÉDITOS:
André Borges e Leonencio Nossa,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
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